No dia 19 de fevereiro de 1983, estávamos, uma vez mais, reunidos noAbacateiro. Como sempre, muita gente... Através da TV Record, a televisão francesa fazia algumas tomadas... Vários amigos comentaram o tema evangélico da tarde. O nosso Eurícledes Formiga, poeta de grande inspiração, recitou pequena trova:
“Muita gente gostaria
De ter a vida da gente,
Sem saber que isto seria
Troca de dores, somente...”
Convidado a falar, Chico [Xavier] assim se expressou:
- Habituados como estamos aos problemas do mal, às consequências do mal, estamos sempre abertos a tudo o que se refira à provação, esquecendo, porém, o abençoado rio das forças divinas que passa por nós a cada instante... O nosso Emmanuel costuma dizer que é muito importante que nós, pelo menos uma vez por mês, façamos uma visita a um hospital, a uma enfermaria, onde se recolhem os nossos companheiros indigentes, ou então às casas de reeducação, às penitenciárias, nos dispondo a ouvir os nossos irmãos... Se nós formos a um hospital de vez em quando, vamos ver o saldo da bênção que temos a cada dia – a bênção de nos levantarmos para o trabalho, o cérebro com o possível discernimento, a bênção de estudarmos os problemas da vida, as afeições de que dispomos, a bênção do lar, dos amigos... Estamos aqui reunidos, pessoas de procedências diversas, pessoas que nós não conhecemos intimamente, entretanto estamos unidos na mesma vibração de fé, de esperança, buscando entender a nossa vida através da palavra de Jesus, que a Doutrina Espírita nos oferece (...) sentimos fome de conhecimento... Sem paciência, estamos suscetíveis de reações infelizes, atitudes pouco recomendadas (...) Nós todos estamos aqui recebendo uma bênção – a bênção da fé nos Planos Superiores que nos regem, para tentar compreender esta vida... Vamos agradecer de todo o coração, sem qualquer disposição de crítica ou azedume perante as pequenas alfinetadas que possam surgir em nosso prejuízo no dia-a-dia (...) nos inclinemos um pouco para recolher a bondade de Deus de mil modos em nosso favor... Precisamos mais paciência com nós mesmos, sem a possibilidade de nos elevarmos de um dia para outro, aceitar os nossos erros, as críticas, entendendo que, de fato, nós podemos errar... Precisamos dar graças à Providência Divina por encontrarmos amigos que nos advirtam, para que cheguemos a um conhecimento mais seguro sobre nós mesmos. A paciência não é uma atitude apenas com o plano externo da vida, mas com nós mesmos, para que não venhamos a sofrer desânimo dos nossos ideais. Estejamos com a paciência, tanto quanto a paciência de Deus está permanentemente conosco...
Livro: As Bênçãos de Chico Xavier
Carlos A. Baccelli
Casa Editora Espírita Pierre-Paul Didier
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